We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Wilson Sukorski - MEL V

from Fios da Trama - Vol. 2 by Berro

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

about

MEL V (1979-84)

[English Below]

MEL V - Música eletroacústica composta por explosões solares (solar flares) captadas pelo Rádio-Observatório Pierre Kauffman em Atibaia – SP. Com uma antena de 13.7 metros é dedicado quase exclusivamente aos estudos do Sol. Opera entre 22 e 48 Ghz. A estratégia foi ‘transpor‘ os sinais que acontecem no campo eletromagnético – do qual o som não faz parte – para frequências audíveis. O programa foi escrito, se não me engano, em FORTRAN, pelo jovem William Villas Boas.

A música é montada com estes sons ‘puros‘ superpostos em diversas maneiras e camadas, variações destes sinais em sintetizador analogico (Roland System 100), instrumento inventado de 7 cordas com 2,30 mts de comprimento ‘afinado‘ nas frequências dos sons puros. Foi montada em versão estéreo em 1984 no Estúdio da Glória, Rio de Janeiro cedido gentil e gratuitamente para o projeto.

Histórico:

Em 84 fundamos – eu, Mário Ramiro e José Wagner Garcia – o NAT Núcleo de Arte e Tecnologia, num escritório na Rua Estela, no Centro Empresarial, com supervisão do Prof. Dr. Frederic Michael Litto (ECA/USP) e patrocínio do CNPq. O NAT foi responsável por várias produções como meu livro ‘SMED Sistema de Música Eletrônica Digital‘ (Prêmio FUNARTE/83) que incluía as principais idéias sobre síntese digital (baseadas no 4X de Giuseppe Di Giugno), um sistema de espacialização sonora programável (que montei com Eduardo da Silva Prado da Poli, uma versão em hardware que tenho até hoje), um sequenciador e, principalmente, um inusitado e complexo sistema de sensores.

A idéia poética por trás da sensorização vinha do fato de que a realidade é composta por um continum de energias conhecidas, como o campo eletromagnético (do qual só percebemos uma pequena parte, a luz visível) e outras que podem ser acessadas por nossos sentidos (audição, olfato, visão, tato, gustação), mas também por uma infinidade de outras energias e vibrações energéticas situadas totalmente fora da nossa banda de percepção – são os invisíveis, os inaudíveis, os ainda-não-percebidos, os paradoxais... Estas energias, mesmo que preconizados em diversas culturas – continuavam fora da banda. Estes vastos espaços não podiam, pensava eu, pertencer apenas ao campo da Ciência. A Arte poderia e deveria contribuir para a sua colonização sensorial. Como?

Através do que eu chamava poéticas naturais : sistemas complexos de síntese e transformação sonoros comandados pelas energias invisíveis da realidade. Uma transdução/transmutação do oculto para o sensível. Assim os sensores abririam todo um novo campo de possibilidades tanto como estensores dos nossos sentidos tradicionais, como formadores de novos sentidos e intuições artificiais. Ampliando nosso campo de percepção – mas não como o telescópio, o microscópio, ou o radiotelescópio - sim ele também um super sensor - fizeram anteriormente. Numa clave mais perto de uma nova camada cerebral sendo acrescentada às normais (reptílico, límbico e neocórtex) este sim capaz de interpretar estes novos dados da realidade. Essa era a essência do SMED.

Ainda com o NAT realizamos vários outros projetos de Arte e Tecnologia e Sky Art, i.e, a utilização de satélites e das telecomunicações como suporte artístico num momento muito pré internet – entre eles : a TeleImprovisação (Mário Ramiro / Wilson Sukorski) com meu grupo de improvisação oTaoDoMinf (Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia) separados em 3 subgrupos em locais diferentes (estúdio da TV Cultura, Teatro Franco Zampari e meu apartamento na Rua Augusta via microondas) tocando a Teleimprovisação (a abolição do espaço) ao vivo dentro do programa EUREKA! comandado por ninguém menos que o artista Guto Lacaz!

Ou a ópera multimídia Projeto para uma Revolução em New York – (Mário Ramiro / Wilson Sukorski) baseada no livro homônimo de Alain Robbe-Grillet – que também conheci pessoalmente anos mais tarde - com projeções em filmes super 8 produzidos para o evento - estávamos em 84 – esculturas de luz, recortes em madeira, sombras, performance corporal, teatral, textos em off e lindas mulheres semi vestidas. Apresentado pela primeira vez na inauguração das Oficinas Culturais 3 Rios, hoje Oswald de Andrade.

Ou ainda o evento PTYX (José Wagner Garcia / Wilson Sukorski) onde uma taça de cristal era “telekinetizada“ (movida a distância) pela voz de Vania Bastos - transmitida por linha telefônica do recém inaugurado Centro Cultural São Paulo para a Galeria Paulo Figueiredo nos Jardins – lá a taça cercada de auto falantes entrava em vibração por simpatia e levemente escorregava pela mesa caindo ao chão !

Ou ainda o STP7 (Wilson Sukorski / Mário Ramiro) evento para palco automático com 2 ventiladores industriais de 80 km/h fazendo as pesadas cortinas do Auditório do MASP literalmente dançarem, luz química, fumaça colorida e esculturas incandescentes, durante o Festival de Música Nova de 1985.

Ou O Médium das Mídias (José Wagner Garcia / Wilson Sukorski) uma campanha publicitária sem produto, onde cada mídia falava de si própria – para: rádio (micro radionovela), spot e comercial de TV, outdoors espalhados pela cidade, anúncio na revista Veja + acesso por telefone (imagem e som de UFO passando por uma praia), foto levitação no O Planeta Diário revista do grupo humorístico Casseta & Planeta, holografia-história-em-quadrinhos (com Moisés Baumstein).

Foi neste cenário ou framework conceitual que acabei compondo a peça MEL V. Uma mistura das minhas principais preocupações estéticas na época. Estão presentes: o espectro eletromagnético – onde ocorrem as explosões; a idéia já bem definida do que seria mais tarde chamado de tradução intersemiótica (Julio Plaza/92); o elemento natural – instrumento acústico – para contracenar musicalmente com o eletrônico mais puro e portador do sinal principal; o gesto musical e o paradoxo das explosões solares (solar flares) - afinal, a origem de tudo - que acontecem no mais absoluto silêncio do espaço.

por Wilson Sukorski.

[Bio]_________________

Wilson Sukorski (1956) é compositor de formação erudita, músico eletrônico, professor, pianista, performer multimídia, criador/produtor de conteúdos musicais para cinema, teatro, vídeos experimentais; instalações sonoras, instalações de arte publica – designer e construtor de instrumentos musicais inusitados, pesquisador em áudio digital e composição assistida por computador. Pioneiro em IA e Música (87 e 89), improvisação musical livre e um dos fundadores da moderna performance brasileira. Contate : wilson@sukorski.art


[English]______________________

MEL V (1979-1884) - Electroacoustic music composed of solar flares captured by the Pierre Kauffman Observatory Radio in Atibaia, São Paulo. With an antenna of 13.7 meters it is dedicated almost exclusively to investigating the Sun. It operates between 22 and 48 Ghz. The strategy was to 'transpose' the signals that happen in the electromagnetic field – which does not sound – to audible frequencies. The program was written, if I'm not mistaken, in FORTRAN, by young William Villas Boas.

The music is assembled with these 'pure' sounds superimposed in different ways and layers, variations of these signals in an analog synthesizer (Roland System 100), an invented 7-string instrument 2.30 m long, 'tuned' to the frequencies of pure tones. It was mounted in a stereo version in 1984 at Estúdio da Glória, Rio de Janeiro, kindly and free of charge for the project.

History:

In 1984 we founded – me, Mário Ramiro and José Wagner Garcia – the NAT, Núcleo de Arte e Tecnologia, in an office on Rua Estela, in Centro Empresarial, under the supervision of Prof. Dr. Frederic Michael Litto (USP - University of São Paulo) and sponsorship by CNPq. NAT was responsible for several productions such as my book ‘SMED - Sistema de Música Eletrônica Digital‘ (Prêmio FUNARTE/83) which included some ideas about digital synthesis (based on the 4X by Giuseppe Di Giugno), a programmable sound spatialization system (which I put together with Eduardo da Silva Prado, from the Engineering School/USP, a hardware version that I still have today), a sequencer, and an unusual and complex sensor system.

The poetic idea behind sensing came from the fact that reality is composed of a continuum of known energies, such as the electromagnetic field (of which we only perceive a small part, visible light) and others that can be accessed by our senses ( hearing, smelling, seeing, touching, tasting), but also by a multitude of other energies and energetic vibrations located totally outside our band of perception – they are the invisible, the inaudible, the still-unperceived, the paradoxical... These energies, even if advocated in different cultures – remained outside the band. These vast spaces could not, I thought, belong only to the field of Science. Art could and should contribute to its sensory colonization. How?

Through what I called natural poetics: complex systems of sound synthesis and transformation commanded by the invisible energies of reality. A transduction/transmutation from the occult to the sensitive. Thus, sensors would open up a whole new field of possibilities both as extenders of our traditional senses, as makers of new senses and artificial intuitions. Expanding our field of perception - but not like the telescope, the microscope, or the radio telescope - yes it is also a super sensor - did before. In a key closer to a new brain layer being added to the normal ones (reptilic, limbic and neocortex), it is capable of interpreting these new data from reality. That was the essence of SMED.

Also with NAT we carried out several other Art and Technology and Sky Art projects, ie, the use of satellites and telecommunications as artistic support at a very pre-internet time – among them: TeleImprovisation (Mário Ramiro / Wilson Sukorski) with my group of oTaoDoMinf improvisation (Sergio Motta Art and Technology Award) separated into 3 subgroups in different locations (TV Cultura studio, Franco Zampari Theater and my apartment on Rua Augusta via microwave) playing Teleimprovisação (the abolition of space) live within the program EUREKA! commanded by none other than the artist Guto Lacaz!

Or the multimedia opera Project for a Revolution in New York – (Mário Ramiro / Wilson Sukorski) based on the book of the same name by Alain Robbe-Grillet – who I also met in person years later – with projections in super 8 films produced for the event – ​​we were in 1984 – light sculptures, wood cutouts, shadows, body performance, theatrical, off-screen texts and beautiful semi-dressed women. First presented at the opening of Oficinas Culturais 3 Rios, today Oswald de Andrade.

Or even the PTYX event (José Wagner Garcia / Wilson Sukorski) where a crystal glass was “telekinetized” (moved at a distance) by the voice of Vania Bastos - transmitted by telephone line from the recently opened Centro Cultural São Paulo to Galeria Paulo Figueiredo nos Gardens – there the cup surrounded by speakers would vibrate out of sympathy and lightly slip across the table and fall to the floor!

Or the STP7 (Wilson Sukorski / Mário Ramiro) event for automatic stage with 2 industrial fans of 80 km/h making the heavy curtains of the MASP Auditorium literally dance, chemical light, colored smoke and incandescent sculptures, during the Festival of New Music of 1985.

Or O Médium das Mídias (José Wagner Garcia / Wilson Sukorski) an advertising campaign without a product, where each media spoke about itself – for: radio (micro radio soap opera), TV spot and commercial, billboards throughout the city, advertisement in Veja magazine + telephone access (image and sound of a UFO passing by a beach), photo levitation in O Planeta Diário magazine by the comedy group Casseta & Planeta, holography-history-in-comic (with Moisés Baumstein).

It was in this scenario or conceptual framework that I ended up composing the piece MEL V. A mixture of my main aesthetic concerns at the time. Present are: the electromagnetic spectrum – where the explosions occur; the already well-defined idea of ​​what would later be called intersemiotic translation (Julio Plaza/92); the natural element – ​​acoustic instrument – ​​to play musically with the purest electronics and bearer of the main signal; the musical gesture and the paradox of solar flares - after all, the origin of everything - which take place in the most absolute silence of space.

by Wilson Sukorski.

[Bio]____________________
Wilson Sukorski (1956) is a composer, electronic musician, pianist, teacher, multimedia performer, creator / producer of musical content for experimental videos, cinema, theater; sound installations, public art installations – designer and builder of unusual musical instruments, researcher in digital audio and compositions assisted by computer. Pioneer in AI and Music (87 and 89), free musical improvisation and one of the founders of modern Brazilian performance. Please Contact : wilson@sukorski.art

credits

from Fios da Trama - Vol. 2, released September 24, 2021

license

tags

about

Berro São Paulo, Brazil

Unheard noises, unlikely soundscapes, unknown musics, historical sounds. Berro is a Brazilian netlabel focused on music and sound you may not hear elsewhere. It is produced by NuSom - Research Center on Sonology.

Berro: portuguese word for scream, roar, howl, moo, scream, shout, yell, cry, gun, iron, scream of despair.

Berro cares about Brazilian art and culture!
... more

contact / help

Contact Berro

Streaming and
Download help

Report this track or account

If you like MEL V, you may also like: